Como introduzir novos alimentos na vida das crianças?

jaquelinealvessz
13 de nov. de 2017
3 min de leitura

E finalmente, chegou a hora da papinha. Apresentar um novo universo ao bebê traz não só felicidade, mas muitas dúvidas. Vamos falar aqui sobre comida de verdade, nada a ver com as papinhas de potinhos lotadas de aditivos químicos que intoxicam as crianças. Essa moda horrível foi amplamente difundida há uns anos atrás sustentada pela indústria alimentícia, que vendia “sabor e praticidade” para a vida corrida e só contribuiu para que as crianças ficassem mais suscetíveis a desenvolverem doenças.

A endócrino pediatra dra. Natália Almeida Prado explica que existem métodos diferentes de introdução alimentar. Hoje o recomendado são métodos participativos em que os bebês sejam os protagonistas. A criança deve conhecer os alimentos como eles são e não simplesmente comer sopas em que não se pode identificar um a um. Após o sexto mês, ela deve ser acompanhada por pediatra e nutricionista, que decidirá se essa introdução será por BLW (baby led weaning - participativo ou tradicional) ou não. É necessária uma avaliação do histórico de doenças da família, para ponderar alimentos tidos como alergênicos.

Dra. Natália complementa que essa introdução pode ser iniciada com frutas pelo sabor adocicado e semelhante ao leite materno, com maior facilidade de aceitação. “Uma vez ao dia apresentamos uma fruta e a repetimos por 2 dias em média, observando possíveis sinais de alergias e intolerâncias. Leite materno sempre será o principal alimento até 1 ano. Portanto, a criança pode mamar quando quiser, durante a refeição ou depois. Ele aumenta a biodisponibilidade nutricional ao contrário do leite de vaca (fórmulas infantis),” explica. Alimentos alergênicos não devem ser introduzidos antes de 1 ano, entre eles leite de vaca e derivados, glúten (trigo, aveia, centeio, cevada). Eles devem ser avaliados tanto pelo pediatra quanto por nutricionista de acordo com risco de doenças, como a celíaca por exemplo.

A dra. Natália Almeida Prado reforça a importância da avaliação conjunta entre pediatra e nutricionista no período de inserção de novos alimentos na vida das crianças. Ponderar as probabilidades de start de doenças autoimunes, por exemplo, é essencial. “O que desencadeia a doença celíaca é a exposição ao glúten, portanto podemos evitar em crianças geneticamente predispostas. Isso porque o sistema imune nos primeiros anos de vida ser mais sensível e a microbiota não está bem formada, aumentando a chance de problemas. Dentro da nutrição funcional adiamos também a introdução da clara de ovo e frutas cítricas por esse motivo. É preciso ter cuidado também com o mel antes de 1 ano e o açúcar nunca antes dos 2 anos. As oleaginosas e leite de castanhas nunca antes dos 2 anos ou até mais em casos de alergia na família,” explica a dra. Natália.

A pediatra apresenta o Baby Led Weaning, um método que ajuda pais e mães a apresentarem aos filhos alimentos. Mas como funciona isso? Refere-se a oferecer a criança os alimentos em pedaços, estimulando a alimentação sem o uso de colheres, usando as mãos mesmo e guiada por elas[1]. A técnica pode ter início a partir dos seis meses de vida, quando o bebê já consegue pegar as coisas com as mãos de maneira mais autônoma[2]. É uma forma também de aproximá-lo da família durante as refeições. O intuito é dar à criança a oportunidade de escolher o que comer, no seu tempo, do seu jeito e autonomia nessa fase de descobertas, sem pressão por parte dos pais. Essa maneira de promover a interação da criança com esse novo momento é vantajosa porque incentiva o desenvolvimento maior da parte orofacial (mastigação e deglutição) além da parte cognitiva, dando a ela a oportunidade de descobrir e diferenciar os sabores de frutas e legumes. Outro ponto importante é que os alimentos inteiros conservam as fibras, boas para o funcionamento intestinal.

Artigo escrito e postagem autorizada por dra. Natália Almeida Prado, Pediatra e Endrocnologista infantil. CLIQUE AQUI e conheça seu instagram onde você encontrará várias postagens sobre alimentação, saúde e comportamento das crianças.